sábado, 8 de agosto de 2015

O que eu imaginava

Um céu superlotado, nenhum canto na piscina. Ocupado, o forno pra nossa costela no bafo. Nem fut. Definitivamente, não era o que eu imaginava. Todos os dias já foram previamente agendados na portaria. Não pego elevador subo sobre o relevo ̶ as paredes do elevador de serviço estão encobertas por almofadas como os quartos dos loucos para que não firam as próprias cabeças. Por isso os elevadores do céu não têm espelhos. 2º bloco Subo sobre o relevo até a cobertura e o cansaço, sentindo mau agouro em cada pavimento, passando a aumentar com o mormaço. Entre o calhau dos jardins de inverno, as pequenas plantas palmeiras anãs decoravam os terraços falsos. As luzes das arandelas nas marquises incidiam sozinhas os divãs do hall de entrada. Um dj tocava Kitaro, ad infinitum, por todo o espaço. Os apartamentos rescendiam à cheiro de comida zen, ou incenso contrabandeado. Chego no andar superior, um anjo me confirma, fui mandado pro lugar errado: ̶ Isso aqui é o inferno, amigo, o céu é no bloco ao lado."
Jorge Luiz Mendonça Martinez

Esta é a Capa da Nossa 5ª Antologia


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Juventude Pedida (Busca Inútil)

Vocês estão vendo
aquele velho chato, rabugento,
olhando-me fixamente pelo espelho da vida
buscando encontrar resquícios da
juventude que se foi rápida demais?
(usando de um óculos 7,5 graus!)
Se também viram como
vejo de forma míope, saibam: não sou eu!
Era apenas um velho
que viveu muito, sofreu muito,
trabalhou muito e não
aprendeu quase nada da vida.
Está aprendendo agora com a juventude conectada
(ou seria desconectada do mundo real?).
O velho que vejo tem cabelos e barba
cor de prata aos 55 anos!,
Foi embora, me deu adeus com as mãos frágeis
sem encontrar nada!
Permanecerei procurando-a soziha,
Sei que a encontrarei
algum lugar por onde andei,
esquina de rua que cruzei,
Ou a teria perdido algum banco de Escola, Faculdade
ou a teria abandonado entre os livros que li?
Sei que a deixei por lá,
mas não sei em qual lugar!

Carlos Costa

Registro sobre ela















Ela era assim, catava poesia ao vento,
Tinha sorriso largo de sol, choro curto,
Os olhos a estrelar de um jeito atento,
Ele queria seu amor. Conquisto ou furto?

Em saltos altos cobrindo pequenos pés,
Cabelos emaranhados em cor chocolate,
O seu perfume penetrava a tez, através,
_Conquisto ou furto? A dúvida lhe bate.

Tinha marca própria e era de alma doce,
Havia na essência um sabor de morango,
Díspares compassos, de bregas ao tango.

Ora densa, ora como se uma pluma fosse,
Embriagada de vida extasiava-se à chuva,
_Ele a sonha, ela lhe veste feito uma luva.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 02/08/15
http://raquelordonesemgotas.blogspot.com.br/

Vulcão em Erupção










Meu corpo louco de prazer
Vem e me envolva quero sentir
Você dentro de mim
Não tem hora pra acabar
Deixa eu te amar.
Meu corpo está tremendo
Quero te levar em meus delírios
Na loucura vou te amar
Emoção invadir teu coração
Em nossos segredos somente
Eu e você.
Deixa os desejos explodir
Como vulcão em erupção.
Ana Paula Ribeiro
03/08/2015 / 17:39hrs
Direitos Preservados.

Te Esperarei





















Pode ser que demore
Uma vida inteira ... Quem poderá
determinar mas ainda assim vou
te esperar.
Olhando fixamente para o
infinito sufocando no peito
um grito de dor ... Por sentir
no peito tanto amor.
Meu verso pretende me
explicar o porque de amar
assim.
Preciso ouvir mas não digo
que entenderei.
Mesmo porque para o amor
Não há o que ser explicado
A dádiva de um dia descobrir
o quanto amou mesmo que
não tenha havido reciprocidade
Depois de entender o que
eu confessei ao meu verso
Ele preferiu se calar
E não tentar me convencer
Do meu amor por você
Que é sentimento unilateral
E assim será até morrer em
mim pois um sentir assim
É preciso morrer para que
outro amor renascer !
@LuizaSenis
Direitos Preservados.

Ausência














Sua ausência me deixa sem essência,
tira a indecência,
me rouba toda coerência,
sem clemência com violência,
em forma de advertência,
difícil convivência sem tua presença.
Levo meus pensamentos à ti pra te sentir,
batalho com desejos escondidos a me ferrir,
Já Impelir a saudade que mora em mim,
Já podei meu jardim,
Pra resumir admiti que não me desprendi,
não consigo reduzir um amor que vive a ressurgir,
Não aprendi partir,
permaneço me consumindo aqui,
quando penso que sei tudo de mim,
Há muito a descobrir,
nunca imaginei viver assim.
( Todos os direitos reservados )
Izabel de Aquino

domingo, 2 de agosto de 2015

(Sem Título)


















venha, pressione bem firme
esses meus lábios e morda.
prove do que é sublime -
arranque toda minha roupa.

me prive, antes que eu rime,
dessa obsessão que sufoca;
chegue, altere a cena do crime,
calando de vez a minha boca.

esse mundo que tanto oprime
me faz viver com vontade pouca,
venha rápido e me desatine -
me livre dessa existência louca!

Marcio Evair

Estreitar os Laços















Seria muito saudável se perante as crises existentes, 
pudéssemos contar com pessoas amigas, 
pessoas que nos recordassem que a vida é breve e que tudo passa.
Passa a alegria, passam as tristezas.
Seria bom ter amigos que nos lembrassem de que a vida é muito curta para se desperdiçar em mágoas e picuinhas,
porque amanhã podemos não nos encontrar mais.
E o que fica, com o vazio da ausência, é um grande remorso que corrói e destrói.
Por que não pedi desculpas, por que não perdoei, por quê.
Não percamos as horas de ser felizes porque alguém foi infeliz numa frase ou gesto,
ou indelicado nas suas expressões, ou até mesmo ingrato, ou mau.
Sejamos sempre aquelas pessoas que perdoam, acolhem e abraçam.
Com esta atitude, com certeza, quebraremos resistências,
criaremos clima de harmonia e seremos felizes,
porque ser feliz é ter consciência de que não demos causa a distanciamentos,
nem colocamos nuvens escuras nos relacionamentos.
Ser feliz é viver todos os dias,
semeando afeições, entendimentos e estreitando laços.


Helenna Souza

https://www.facebook.com/CATITUMYLIFEMYLOVE?fref=photo

Solidão de Cronópios

















Sozinho
Apesar de partilhar amor,
Lutar contra as nossas misérias.
Sozinho, mas não solitário,
Pois estou entre os Cronópios[1].
Aqui não se avista o belo,
Ancorado sob o rebanho.

Há os de fama neste mundo
Que se considerando afortunados,  
Multiplicam só pântanos e crocodilos...
Há os Cronópios que taxados de cigarras
E desprezados pela ignorância,
Levam seu canto a todos.

Sozinho, mas não solitário.
Se uns têm a carteira abarrotada de dinheiro,
Outros a trazem cheia de fósforos.
Aqui quando estes últimos se insurgem 
Os charcos e jacarés tremem.

Seguir só,
Pois se fica invisível ao lado
Do fósforo da história dos sonhadores.
Daqui se vê que não basta não ser cego
Para ignorar as flores e o pássaro da real libertação...


Rogério Lustosa Bastos. Poemas no Guardanapo
Foto: Pintura de Hopper sobre a solidão (Facebook de Livia Garcia-Roza)



[1] Esse poema é inspirado no livro “História de Cronópios e de Famas”, de Júlio Cortázar. Em síntese, enquanto os de “Fama”, a rigor, são as pessoas utilitaristas cujo sucesso precisa ser alcançado até mesmo sob a hipótese de se criar a morte e a desolação; os “Cronópios” têm metaforicamente sua realização no canto amoroso da cigarra, o qual é partilhado com o universo, mas sem tirar nenhum proveito, exceto o prazer dessa partilha. Enfim, sob um mundo em que prepondera o cálculo e apenas o lucro desmedido, parece-nos que Cortázar quer pôr em questão a história dos acordados em detrimento da história dos sonhadores. 

História Silenciosa de Amor

Ecoa a voz vazia.
Ao apelo de meu coração.
Vagante verso censurado.
Em bocas fechadas dos juízes.
Nada me diz sentimento.
E fiquei dependente da desesperança.
Que me imploram solidão.

Vozes dos fieis em cristo.
Vozes da sagrada família.
Vozes de amigos próximos.
Vozes da sociedade que vivo.
Dizem o mesmo coro silencioso.
Em tons de censura e eufemismo.
E uns toques de mentiras paliativas.

Estou morto e partido em segredos.
Do coração que nada decifrado.
A voz e surda, muda, insípida.
Um sentir proibido desnuda preconceitos.
Solidão e arranjos viram unanimes soluções.
Resume minha historia de amor.
Sem escolha, nem ecos, sem liberdade.

Newton Soares

Poetizar e Declamar

Poetizar, como um ato de amar
Declamar, como um ato de declarar
Poetizo com a força do coração
Declamo como uma real declaração

Poetizando, por estar te amando
Declamando, estou me declarando
Poetizo, você, musa de meus versos
Declamo, você, nos versos e reversos

Poetizei, um amor tão forte existente
Declamei, este amor real e consistente
Poetizar ou declamar, assim como respirar
É viver, intensamente, a te amar

Poeta: Um Ser Errante e Solitário

Silencioso diário poético, um pensamento me vem à mente todas as vezes que penso na minha arte solitária de escrever: Eu me tornei solitário porque sou poeta ou me tornei poeta porque sou solitário? Cada artista tem o seu temperamento, os ambientes que o inspiram a escrever. Alguns podem gostar de barulho, de movimentação, mas a grande maioria, creio eu, prefere a paz, o silêncio, a tranquilidade. O problema é que momentos assim normalmente só podem ser alcançados através de uma vida solitária, reflexiva. Vamos definir os termos para não haver confusão! Quando falo em solidão, não estou pensando naquele ser que abandonou a convivência humana, refugiou-se em seu apartamento para sempre ou foi morar indefinidamente numa caverna, sem contato com a civilização, para se dedicar exclusivamente a criar. O que estou dizendo é que o instante criador precisa de um momento de tranquilidade, onde o artista possa organizar as suas ideias sem intromissão externa. Geralmente, um lugar rupestre ou a madrugada, quando todos estão dormindo, a TV está desligada, o menino não está jogando bola, o vizinho não está escutando música altissonante e os carros estão nas garagens. Paz, sossego, silêncio. Depois da obra criada e acabada, que venham as pessoas e seus barulhos, que volte a girar a roda do mundo e os guardas apitem. Que passem carros e carruagens, foguetes, aviões, britadeiras, motocicletas. Que chorem e gritem as crianças, latem os cachorros, miem os gatos, relinchem os cavalos. Tudo já está feito, agora é só alegria.
Em matéria de criação não existem regras. Mas é preciso compreender que solidão não é um estado, mas um momento. Ninguém é capaz de viver sozinho o tempo inteiro. Lembro de ter assistido a uma reportagem na TV há alguns anos. Ela mostrava a vida de um homem que decidiu abandonar a civilização para viver sozinho numa casa escondida num lugar ermo e de difícil acesso. Ele raramente saía, não possuía televisão, rádio ou Internet. Seu único contato com as pessoas era quando ia até a cidade comprar alguns mantimentos. Não havia luz elétrica, água encanada, e tudo era bastante rústico. Todavia, ele não conseguiu esconder as lágrimas ao falar da saudade da família. Não havia como esconder que, apesar de estar solitário como desejara, a presença das pessoas que ele amava lhe fazia muita falta. Longe dos outros crescemos deficientes, pois somos seres comunitários, interdependentes. Evoluímos como pessoas à medida que interagimos com outras pessoas, que avaliamos e somos avaliados por elas, aprendemos e ensinamos, corrigimos e somos corrigidos. Ninguém jamais foi, é ou será autossuficiente, acima de tudo emocionalmente. Então, a solidão não é um estado, uma realidade constante, mas um desvio de percurso, um instante de retração, de viagem para dentro de si próprio, para depois voltar-se para o mundo. Solidão pela solidão é patológica.
Já ouvi inúmeros relatos históricos e filmes contando sobre a vida monástica. De repente, alguém decide que a melhor forma de desenvolver a sua vida espiritual e estar mais próximo de Deus é fugindo de tudo e de todos. Longe do mundo de pecado, não há como pecar, como se o pecado estivesse fora, e não dentro. A batalha acontece no dia a dia. A espiritualidade se desenvolve enfrentando os leões e não fugindo deles. Assim é a vida do escritor. É do mundo, da vida, das incoerências, das inconstâncias, dos revezes, dos atritos, dos acasos, dos descasos, dos desmandos que ele tira a sua inspiração. A solidão criadora é um momento de reflexão daquilo que foi vivido, tocado, provado, absorvido para ser transformado em arte. Da guerra surge um belo quadro, da fome surge um poema, da miséria surge um romance, da tragédia da vida amorosa de alguém surge uma peça de teatro, do holocausto surge um filme, da vida dos animais surge um musical e da luta armada surge uma canção. Todos os belos poemas do livro dos Salmos, na Bíblia, surgiram a partir da vida real dos seus escritores, como Davi. Ele falava daquilo que vivia, sentia na pele, observava no mundo. Depois de ter o coração arrancado e feito em pedaços por uma desilusão amorosa, o poeta se retira e, absorto em sua solidão lacrimosa, executa o seu ato criatório e presenteia o mundo com sua maravilhosa obra poética. Do caos para a solidão, da solidão para o papel, e do papel para o mundo!
Mizael Souza
https://www.facebook.com/diariodeumpoeta2015?fref=nf

sábado, 1 de agosto de 2015

Lobo


Por fora, um anjo,
por dentro, um lobo!
Tudo bem escondidinho,
só quem é, sabe!
Segredos, bem guardados,
vontade, a explodir,
pensamentos salpicando,
normalmente, a viver,
simplesmente, a explodir...
Quem será?
- Não sei,
Será que existe alguém assim?
- Acho que não!
-Acho que sim...
Eu não sou assim!
-Será...

❤❤❤
Hilda Machado
01.08.2015

Minha Realidade

A ilusão da fácil caminhada
confundiu-me a mente.
Tentei alcançar o horizonte
sem praticar a áspera subida.
Mas a verdade mortificante
é uma bruxa a me lançar
num precipício mumificante.
Não consigo me levantar.
E como viver a vida
com a calma ferida
pelos agudos espinhos
dos impulsivos sonhos ?
Quero namorar a realidade
sem ciúmes e briga
dos casais abandonados.
Tenho desejos de felicidade
que o casamento não abriga.
Magno Assis

http://magnoassispoesia.blogspot.com.br/

Só Com a Boca





















Deixe contigo saciar os meus desejos. 
Cale-se! Não há nada agora para se dizer.
Sinta o calor da minha língua a te envolver
Com os meus lábios te envolverei em beijos.
Sem pressa, lento, devagar, quero sentir,
Todo o sabor que emana de ti tão gostoso
Somente com a boca levar-te-ei ao gozo
Fartar-me-ei com o néctar do teu puro elixir.
Acaricie-me o rosto, teu toque tão sereno.
Adoro a metamorfose que faço acontecer,
Desperta na boca, o que antes era pequeno.
Delícia experimentar o teu mais puro prazer
No êxtase vulcão. Agora se faz tão ameno.
Com desejo anseio mais um pouco de você.

Anabella Valentine
JF, 26/06/2015 - 18h30min
imagem: google

Eu Vou















Cavalgar pelos campos
E todos os lados são iguais
O céu azul como manto
Clareia o tapete verde no vale.
Cavalgar apenas cavalgar...
Na velocidade que meu ser aguentar
As lágrimas confundem com o suor devagar
Não consegui meus pensamentos controlar.
O pensamento, o silêncio é ensurdecedor
Mas na matéria aquela solidão do calor
Nuvens em tons de luz, no verdor
Pássaros nas árvores cantam livres, vencedor.

Iara Valquiria.
Iarasolll
imagem: google

Poetas...














Meus olhos se embaraçam, no prenuncio que algo hoje magoa,
No cair da triste lágrima, a minha alma atordoa,
Nos olhos um castanho claro! Triste cor que se perdoa,
O frio da lágrima, que molha Um rosto sem brilho! E no peito se escoas...
O passado passa rápido, assim a vida se entoa.
Poeta! Tu choras tristes, as lágrimas de outras pessoas,
No poetar da caneta! Entre linhas, rabiscos, que choram a toa,
Trazer uma dor no peito, ao poeta, é coisa boa...
Não vejo sentido algum? Em sofrer! O sofrer de alma estranha,
No olhar de um poeta, entre rabiscos emaranham,
As dores de outros seres que em saudades emanam,
Na caneta do poeta, as dores todas se entranham...
Poeta! Eu faço rimas, entre risos e suas lágrimas,
No riso de um olhar! Rabiscos as suas magoas,
Vejo por entre os sorrisos, as dores de suas almas,
Quase todos têm tristezas! Atrás de risos largados...
Também escrevo alegrias, rimando felicidades,
Rabiscando os olhares que passam por entre as tardes,
Vejo eu em muitas almas! Um sonho que se invadem,
Felicidade completa? Nunca eu vi de verdade...
A moça que agora Lê! A senhora que ali passas.
O velho que chora triste a perca da mocidade,
O menino que tudo sonha! Triste é a sua realidade,
O poeta às vezes vê! E em rabiscos. Escreves suas saudades...


(Zildo de oliveira barros)
30/03/13 12h00min

Orgasmos Cerebrais

















Gosto de confabular com pessoas plenas
Aquelas repletas de etecéteras e tais
Podemos viajar pelo universo das palavras
Através dos nossos cabedais
Não precisa protocolos nem etiquetas
As palavras fluem brumadas e cheirosas
Ornando nossas viagens e prosas
E quando nos despedimos,
No instante seguinte já sinto falta
Imaginando quando e qual
Será a próxima pauta !
Não precisamos fantasias
Nem traje de astronauta
Pois viajamos daqui mesmo
Surfando as ondas do teclado
Amigos são seres especiais
Por vezes o papo é tão bom
Que me causam orgasmos cerebrais !!!


Almir Floriano

Fatos Isolados Que Se Completam Dentro De Mim


Uma lágrima caiu e evaporou antes de tocar ao chão.
Uma criança chora dentro de uma caçamba com lixo.
O sol deixou de brilhar hoje ao meio dia. 
Um girino morreu pisoteado pelas solas das sandálias do menino.
Um grito que rasga à noite, mas que nunca encontrará ouvidos.
Um homem santo que faz sua homília em um local lotado de gente vazia, pronta para matar pelo amor divino.
Minhas pernas doem
Meus ossos se quebram com tamanha facilidade
(O deserto que me queima é o mesmo que me invade).
Uma noite sem estrelas
Uma casa sem graça
Uma lua sem poesia
Essa dor que nunca passa.
Versos, versos que me versam que me deixam vivo, que me faz sentir a luz dentro das trevas – maldição que me cerca – aflora meus sentidos, deflora minha dor.
Assim faço meus versos tortos;
Assim escrevo minha história sem glórias;
Assim, assim me sinto um grão dentro do vasto universo que não se importa se estou com frio; fome; dor; triste; sozinho; vazio; sem amor; isolado dentro de meu corpo febril.
Marcos Martins.

Monólogo da Insensabilidade

HÁ UMA TRISTEZA E UM VAZIO
ONDE A PALAVRA É CONSUMIDA
DENTRO DE UM SER ESCONDIDO,
FICANDO FRIO E ESQUECIDO...

HÁ UM OLHO SEMI ABERTO
PISCANDO INVOLUNTARIAMENTE,
ENQUANTO NEM DIÁLOGO
EXISTE, NUMA ECONOMIA
DESEQUILIBRADA...

HÁ TANTA DIRETA INSENSATA
DESFAZENDO A TRANQUILIDADE,
MONÓLOGO DA INSENSIBILIDADE,
RESSECA OS LÁBIOS QUEIMANDO
TODA CONVERSA.....

AUTORA: Dilza Mancilha