quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Deixa Estar

Deixe que o amor
Brote nas montanhas,
Que Pegue fogo na
Cabeça dos intelectuais...
Desdeixem as guerras,
Que o som pinte bem
Mais que a sinfonia,
Que bordem todas
As borboletas no céu...
Que o meu sonho irreal
Desbote na água santa,
Mas, por favor, deixe estar;
A vida é um relâmpago
Da passarela imprevista!

Fui Longe

Sai de perto de mim,
dos momentos cotidianos,
dos atos costumeiros.
Fui até uma distância,
perto e desconhecida,
encontrar meu silêncio.
Naveguei na ausência
de movimento, assim,
estático de aceno.
Me encontrei, lá longe,
comigo, em transe fugaz,
com meus sentimentos
guiando meus instintos.
Ivanilton Fatumby Tristão

Imagem

Quero morrer de aurora
Excesso de passarinhos
Febre incontida do verso
Quero morrer de canção
Amor do tamanho do Amazonas
Gordurosa lua no sangue
Que tudo seja uma imagem:
A vela, o castiçal, a lápide...
E corram, corram, façam um poema!
Porque a vida e a morte
São portos, são pastos
Onde a poesia é vinho
E assim eu quero morrer
Embriagado de infinito
De um adeus cheio de Deus

(Danniel Valente)

Dentro do Poema Sujo (Homenagem a Ferreira Gullar)

Escrever não tem a menor importância.
O que importa, de fato,
é o exercício, o ato
pelo qual desato minha ânsia
dos abismos em que se perdera
em noites sem esperança,
sem vinho, sem passo de dança:
desespero maior, que em mim se instalara.

Por favor! Não me busquem em entrelinhas.
Leiam-me sem duplo sentido.
Claro, que, com algum cuidado,
pois, do poema saltam farpas envenenadas,
que poderão atingir o leitor desavisado,
ferindo-o e levando-o ao lamentável estado
de, também, querer abrir suas veias,
mostrando-se despido, e sem defesas, ao mundo.

Ah, essa dor e esse prazer de escrever.
Ah, essa vontade de sangrar a própria jugular
e, depois, esvair-se na hemorragia, lentamente,
tentando a vida compreender
à medida que se esvazia a Mente,
buscando alento onde não se supusera havido.

Ah, essa ânsia e essa sina, eu as descobri, incauto, num repente,
ainda menino, dentro do Poema Sujo de Ferreira Gullar.


JL Semeador de Poesias, o José Luiz de Sousa Santos, na Lapa, em 07/09/2010

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Esta é a Nossa Coletânea: Poemas Ao Léu


Os poetas que estão participando desta coletânea são os seguintes:

Alma Alada

Mais uma vez minha alma sangrou
De tão profunda a ferida
Vazou pelos poros
Quase me afogou.
Novamente preciso abrir minhas asas
Reaprender a voar
Mesmo com a alma ferida 
Reaprender a andar.
De tanto tentarem me afogar
Aprendi a nadar
De tanto me empurrarem pró abismo
Aprendi a voar
De tanto precisar voar
Aprendi a ser céu
De tanto que busquei teu doce sabor
Só me deste fel.
Hoje pés na estrada
Alma alada
Sigo firme a velha máxima
"O que não me matou, me fortaleceu!".
Telma Fiuza.